A Polícia Judiciária (PJ) de Portugal deteve “Antoniozinho”, descrito como um dos principais traficantes portugueses e responsável pela introdução de várias toneladas de cocaína em Portugal. Aos 45 anos, o cabo-verdiano, naturalizado português, foi surpreendido na sua própria casa, em Oeiras, às primeiras horas desta ultima terça-feira.
Há cerca de 20 anos, “Antoniozinho” foi detido pela primeira vez em Portugal. Nessa ocasião, foi apanhado na posse de cinco quilos de heroína e não escapou a uma pena de cadeia. A reabilitação e reinserção social não resultou e o luso-cabo-verdiano seria detido uma segunda vez, em França. O motivo foi o mesmo: tráfico de droga.
Vendia serviço a cartéis internacionais
Cumprida pena na cadeia francesa, “Antoniozinho” regressou a Portugal, radicou-se na zona de Lisboa e especializou-se no controlo de portos e aeroportos nacionais. Através do pagamento de avultadas quantias, o traficante recrutou para a sua organização diversos estivadores dos portos de Sines, Setúbal, Lisboa e Leixões, assim com funcionários de empresas de handling que prestam serviço nos aeroportos Humberto Delgado, em Lisboa, e Francisco Sá Carneiro, no Porto.
Foram estes trabalhadores que conseguiram, ao longo dos últimos anos, aceder aos contentores marítimos e porões dos aviões oriundos de diferentes países da América do Sul e retirar a cocaína que aí estava escondida para a entregar ao grupo liderado por “Antoniozinho”.
A capacidade para recolher cocaína das infraestruturas portuárias e aeroportuárias era tanta que “Antoniozinho” passou a vender este serviço a traficantes portugueses e estrangeiros. Aliás, nos últimos anos, especializou-se nesta atividade e foi responsável pela entrada de toneladas de cocaína em território nacional que, em seguida, era vendida por outras organizações em Portugal ou seguia para cartéis estrangeiros.
Três anos de investigação
Este método transformou “Antoniozinho” num dos maiores traficantes portugueses e, apesar da sua discrição, a dimensão alcançada chamou a atenção da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da PJ de Portugal . Em 2021, os inspetores começaram a investigar o luso-cabo-verdiano e conseguiram apreender-lhe mais de 400 quilos de cocaína que foi chegando a Portugal.
Também conseguiram reunir prova suficiente para, nesta terça-feira, avançar com a operação “Summer House”, que incluiu 11 buscas domiciliárias. Uma delas à casa de “Antoniozinho”, em Carnaxide, Oeiras, que acabou com a detenção do traficante. Foi ainda apreendida, refere um comunicado da Judiciária, “uma elevada quantidade de dinheiro em notas, uma arma proibida, cinco viaturas de luxo, material de telecomunicações, relógios de luxo e documentação com relevância probatória”.
“Com esta operação, a PJ acredita ter interrompido um dos mais relevantes circuitos de introdução de grandes quantidades de droga em território nacional e no espaço europeu”, garante o mesmo comunicado. “Foi uma grande machada no tráfico de droga em Portugal”, complementa, ao JN, uma fonte policial.
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