Receiam sobretudo o recrudescimento do racismo e da xenofobia caso saia vencedor o partido da União Nacional ( Rassemblement National, em francês) na segunda volta das eleições legislativas francesas, este domingo.
O líder da União Nacional , Jordan Bardella, já anunciou que, se ganhar, uma das primeiras medidas que vai tomar é a "suspensão imediata da regularização" da situação das pessoas que estão em situação ilegal em França.
Nesse projeto de lei, o partido pretende também criar a figura jurídica de "crime de residência ilegal", que faria com que quem estivesse em França sem documentos passasse a ser passível de multas, penas de prisão ou expulsão.
“É extremamente grave o que se passa aqui. Jamais visto desde os anos 40. Cheguei em França em 1983 proveniente de Cabo Verde, sou um francês como os outros. Não se deve esquecer que França é uns país multicultural “- disse Félis Moreira, que gere uma mercearia em Cergy, a noroeste de Paris.
Como Félis, muitos cabo-verdianos em França receiam uma vitória da extrema-direita este domingo. Se o racismo já era latente na sociedade francesa, o discurso xenófobo da União Nacional alimenta a fogueira, agudizando uma situação já por si explosiva.
“Legitimados pelos discursos políticos, muitos franceses já não hesitam em exprimir livremente o seu sentimento racista. Há dias vi um vídeo onde brancos batiam num negro. Sem nenhuma justificação, Chorei “ - disse Jacine, 19 anos, ela também originaria de Cabo Verde.
Jacine diz ter notado que nas redes sociais as pessoas são cada vez mais tolerantes para com atitudes e comportamentos racistas. O que muito a angustia. Uma angústia que infelizmente ela já sente para alem das redes sociais. Diz que tem medo de circular livremente na rua ou ate mesmo de ir ao liceu. Um sentimento partilhado pela sua amiga Estelle, francesa de origem africana.
“Tenho medo“- disse Estelle - “Mesmo sendo francesa, sou negra. Tenho a impressão que estas eleições estão a banalizar o racismo “.
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