Alcinda Cruz, 46 anos, vivia há mais de 20 anos com o inimigo, e sabia disso porque o casal tinha um histórico de queixas de violência doméstica, feitas um contra o outro, ao longo de vários anos. Infelizmente a justiça não protegeu Alcinda e na noite desta última quarta-feira Pedro pegou numa tesoura, a esfaqueou e a degolou em frente aos dois filhos - de 6 e 14 anos. Depois fugiu da casa, para depois se entregar voluntariamente numa esquadra de polícia.
Pedro Antiqua, de 45 anos, também natural de Cabo Verde, ficou em prisão preventiva, acusado de homicídio qualificado. No Barreiro, bairro onde residia com a mulher e filhos, e descrito como um homem educado, trabalhador e de bom relacionamento.
Antigo aluno do liceu Ludjero Lima, em Mindelo, Pedro trabalhava como guarda numa empresa de segurança privada em Portugal. Andava de fato, era educado e levava os filhos à catequese, os mesmos filhos que o viu tirar a vida da mãe.
“É triste ver alguém que prometeu amor, proteção e carinho fazer uma coisa dessas. Privar os filhos da mãe, netos que jamais conhecerão a avó “ - lamentou um familiar de Alcinda , sublinhando a dor e o trauma que os filhos carregarão para a vida toda .
Alcinda, natural de Santo Antão, é recordada como alguém alegre e de bom coração.
O crime em contexto de violência doméstica ocorreu no terceiro andar do n.º 8 da Rua do General Norton de Matos, no centro do Barreiro, na casa onde a vítima vivia com o agressor e os dois filhos, desde que o casal veio viver para Portugal, há cerca de 20 anos.
Anteontem, houve nova discussão. Alcinda queria separar-se do companheiro de longa data, mas este não aceitou e partiu para a agressão. O homem, segurança privado e com ascendente sobre a vítima, agrediu-a várias vezes com socos e pontapés e depois pegou numa tesoura de cortar carne, degolando-a e golpeando-a várias vezes no peito. O filho de 14 anos tentou proteger a mãe, mas não conseguiu. Tentou afastar o pai, mas este afastou-o, sem o ferir.
Duas horas em fuga
Cometido o crime, Pedro saiu de casa e fugiu a pé. Aquele filho ligou ao 112, para pedir ajuda médica. O INEM e a PSP acorreram rapidamente ao local. Mas, apesar das manobras de reanimação, o óbito foi declarado no local. A PJ também ali esteve, determinando que o principal suspeito era o companheiro de Alcinda, que estava em parte incerta. Em conjunto com a PSP, foi montada uma busca ao homem, que deixou o próprio carro no local, mas viria a entregar-se na esquadra da PSP, a menos de um quilómetro de casa, perto das 2 horas da madrugada.
Lamentável, apenas. RIP.