Pela primeira vez “negócio” de agendamento de visto dá cadeia em Cabo Verde

O Tribunal da Comarca de Santa Catarina, na ilha de Santiago, decretou prisão preventiva para Zé Rui, 53 anos, e Deolinda, 65 anos, ambos acusados da prática de 40 crimes de burla qualificada no agendamento de vistos para Portugal.

Tanto Zé Rui com Deolinda foram detidos pela Unidade de Investigação Criminal de Assomada da Policia Judiciaria, depois de buscas domiciliárias nas cidades de Assomada e Praia que culminaram na “apreensão de vários passaportes e documentos relacionados com a marcação de vistos para Portugal”, como referiu um comunicado da PJ.

Os dois suspeitos incorrem a uma pena de dois a seis de prisão.

REDES ORGANIZADAS

Em maio, o procurador-geral da República de Cabo Verde, Luís Landim, disse à Lusa haver denúncias que estavam a ajudar a concluir a investigação a redes que cobram por serviços de facilitação de vistos para Portugal.

Há muito que os cabo-verdianos têm reclamado do açambarcamento de vagas para estas marcações, por parte de empresas ou pessoas singulares que depois cobram valores diferenciados para prestar o serviço, que, se for tratado nos balcões públicos criados para o efeito, é gratuito.

Essas empresas - ou pessoas - cobram entre mil e 20 mil escudos por processo, podendo o valor aumentar em caso de prestação de outros serviços, num negócio que se prefigura como tráfico de influência em redes organizadas.